TV paga: é um erro pensar que classe C não é exigente

Nos últimos dez anos, quem mais ascendeu socialmente e registrou crescimento na renda foram os mais pobres, que constituem a chamada classe C. Este fenômeno refletiu diretamente na economia, uma vez que esta parcela da população passou a gastar mais com serviços. Este novo consumidor brasileiro foi objetivo de análise em painel durante a ABTA 2014, evento que ocorre em São Paulo de 5 a 7 de agosto.

Representantes de produtoras de conteúdo, programadoras e operadoras de TV por assinatura debateram os impactos da entrada deste contingente da população no segmento da TV por assinatura. E o consenso foi claro: é um erro pensar que a classe C não é exigente.

A explicação mais obvia é que o aumento de renda desta parcela de brasileiros está diretamente ligado ao aumento do emprego formal. “O grande símbolo da ascensão da classe C é a carteira assinada. O crescimento da renda se deve ao esforço pessoal deles e, por isto, dão mais valor ao que compram”, ressaltou Marcio Falcão, consultor da Data Popular. Justamente por isto, os consumidores da classe C, quando apreciam uma marca, tendem a ser mais fiéis a ela.

De acordo com os dados mostrados pelo instituto de pesquisa, 71% dos representantes da classe C não possuem o serviço de TV por assinatura e dos 29% que têm 11% contratou por cabo e 18% por satélite. “A maior parte dos novos assinantes é das classes C, D e E. Eles estão se aproximando da TV paga.” Ainda assim, do total de assinantes, 53% são da classe alta (A e B), 29%, da média (C) e 16%, da baixa (D e E).

“O grande desafio para vender para este público é transpor a barreira do preconceito de ‘vender para pobre’. É preciso se comunicar de forma diferente, sim, mas este público não aceita qualquer porcaria”, frisou Falcão. A opinião do consultor estava em linha com o que pensam os representantes da Discovery, ESPN e Fox.

Mônica Pimentel, vice-presidente de conteúdo da Discovery, destacou que é fundamental entender o que muda com este novo cenário [a entrada da classe C]. De acordo com a executiva, as mudanças estão relacionadas, principalmente, à linguagem, ao ritmo e à estratégia da grade de programação dos canais. “Fazemos análise da grade para atrair o público e retê-lo. E há um foco na produção local de conteúdo”, pontou. “É equivocada a visão de que a classe C não exige qualidade, pois ela está cada vez mais exigente e valoriza cada centavo que investe.”

Fonte Abranet